Mi Buenos Aires querido

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     Aqui a Prosa é Paulistana, mas hoje, ela está saudosa, tão melancólica quanto um tango portenho. E o motivo dessa saudade têm sabor (de doce de leite) e nome próprio: Buenos Aires. Para quem não sabe, sou do tipo de pessoa movida a paixões das mais variadas espécies, meu coração palpita por pessoas, animais, objetos, lugares... E sem dúvida alguma, ele bateu mais forte quando colocou os pés na capital hermana. Fui seduzida por sua arquitetura, pela facilidade de se ter um bom momento a qualquer hora do dia, tomando um café descompromissado em uma das inúmeras cafeterias e restaurantes que se espalham pelos bairros de Bue.




     Apesar da fascinação causada pelo estético, gosto mesmo é de perceber como a minha experiência em Buenos Aires me fez ver que o mundo vai muito além da minha mesa de escritório, abriu meus olhos, minha cabeça e me ensinou tantas coisas bacanas que resolvi listá-las para nunca esquecê-las, e consequentemente reforçar quem eu sou!


     1- Não ter vergonha do que eu sou!
     Argentino é gente de coragem! Sai na rua com cabelo estranho e roupa bizarra, combinações que fariam qualquer fashionista se acabar em lágrimas. Porém, durante meu convívio, notei que as pessoas de lá estão mais preocupadas em estar bem consigo e confortáveis, pouco importa o que pensarão os outros, fato que derrubou meus preconceitos e me fez perceber que algo tão obvio, quanto só fazer o que te traz felicidade, coloca a Argentina à frente no que diz respeito aos direitos das minorias, por exemplo, já que lá, temas como casamento gay e identidade de transexuais, são leis estabelecidas há algum tempo. É um lugar onde cada um pode ser quem quiser. Há quem seja contra, e sempre haverá, mas nem Jesus agradou a todos.


     2- Valorizar meu tempo livre!

     Não sei se é pelo fato de Buenos Aires não ter praia, ou porque boa parte da população vive em apartamentos pequenos, mas é lindo ver a multidão de gente saboreando os finais de semana de sol nos parques e praças, lotando restaurantes, museus, cinemas e mostrando que sabem como aproveitar a vida. Argentino odeia ficar em casa, e eles estão mais que certos, afinal quantos de nós (e eu me incluo nisso) passamos 8 horas sentados diante do computador no trabalho e ao chegamos em casa a primeira coisa que fazemos é novamente ligar o notebook ou conferir se há um novo email através do smartphone?


     3- Meu trabalho é importante, mas minha vida é mais!
    O dia tem 24 horas e elas não devem ser dedicadas somente ao trabalho! Ter projetos pessoais, sair para conversar com os amigos, ir à academia ou ver as novidades em cartaz no cinema são apenas exemplos de atividades corriqueiras que os argentinos não deixam de fazer no dia a dia porque estão atolados de trabalho. E o mais incrível, é que mesmo com tudo isso, eles continuam sendo capitalistas e ganhando dinheiro! Creio que nós, brasileiros, deveríamos dar um basta nesse pensamento de que é preciso ficar até mais tarde para mostrar serviço. Precisamos nos planejar melhor e aproveitar o nosso tempo, seja em nossas vidas pessoais, seja trabalhando, a fim de que nossas horas gerem resultados e não sejam apenas desperdiçadas em alguma rede social. 


     4- Amigos são essenciais!

     Quem já ouviu aquela máxima: "o cachorro é o melhor amigo do homem?" Pois na Argentina a coisa envereda por aí. As amizades entre grupos de argentinos é de uma fidelidade quase canina, se mantendo desde a infância, podendo durar a vida inteira. Não estou dizendo que aqui no Brasil não temos o hábito de valorizar nossas amizades, mas percebo que boa parte dos amigos que fazemos entre o ensino médio e faculdade, por exemplo, ficam pelo caminho, em outras palavras, nossos grupos de amigos com o tempo vão desaparecendo. Aqui os laços se desfazem com facilidade, lá há um esforço enorme em manter os vínculos, o que causa situações impensáveis como: um cara deixar de sair com uma menina, por quem se diz apaixonado, para ver os amigos. O que para nós causa estranheza, para eles é normal, e faz parte desse movimento de valorização dos amigos


     5- Saber dizer não!
     O portenho costuma ser direto (há exceções!). Em minhas temporadas por lá, descobri que saber dizer não quando necessário é muito importante na vida de qualquer pessoa. Entretanto, quem é de fora, ou seja, todo o resto do mundo que não é argentino, costuma ver essa característica de forma negativa, beirando a arrogância até. O fato é que ser direto e não ficar dando voltas poupa o tempo de todos, que como já falei neste texto, tempo é um bem muito valorizado nas terras do Papa Francisco.



     Resumindo, como uma boa paixão, Buenos Aires me ensinou muito sobre ela e ainda mais sobre mim. Este post não tem cunho geográfico, tampouco informativo, trata-se apenas das minhas experiências e aprendizagens, que obviamente são únicas, pessoais e intransferíveis, como toda paixão é! Por isso, não deixe de viver com intensidade todos os momentos, seja no Brasil, na Argentina ou em qualquer lugar do mundo, entregue-se às dores e às delicias do novo, do inesperado... Apaixone-se!




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