
Portanto, recorro à face alva desta folha a fim de aprisionar sentimentos, e deixa-los cá numa eterna incerteza de realização; devaneios, esperanças, iras que das mais distintas formas se apresentam e acabam por receber o mesmo tratamento. São vontades que se mantém intactas, confessadas a tinta, e às vezes sob lágrimas, e que talvez nunca encontrem seu espaço de realização neste mundo conflituoso. Pensamentos tão insolentes e rebeldes, que ofenderiam por demais os demais. Desejos tão ardentes, capazes de consumir noites, mãos, papéis, mas que se deparariam e pereceriam diante de tabus sociais.
Entre papéis, canetas e mãos não há repressão... É uma relação ímpar, cúmplice que somente quem vivenciou é capaz de encontrar significação em minhas palavras. Somente aquele que já se deixou derramar em letras compreende esta rotina, de ver-se, rever-se, e ter inúmeras oportunidades de se auto avaliar, admirar, condenar, a talvez ao final de tudo destinar todo imbróglio a um sepulcro digno, distante da peçonha alheia. Um lugar no tempo, o esquecimento.
Vanessa Rodrigues
0 comentários:
Postar um comentário